segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A Coroa Embaixo da Janela

Eu gostaria que você mande seus contos,suas ilustrações, e até videos que conte alguma historia para carlosgall2003@yahoo.com.br, e eu colocarei aqui, como fiz com este conto.

Autor:Pedro Henrique
Tiago acordou com sua mãe chamando. Abriu seus olhos e se sentou rapidamente na cama. A cama estava molhada de suor, e sua cabeça estava mais quente que o normal. Ele colocou a mão no pescoço para ver se era febre, mas sua temperatura estava normal. Pegou a toalha de banho e se dirigiu ao banheiro.

Sua rotina ao acordar era sempre essa, tomar banho logo para despertar. E sua mãe sempre o acordava para ir à escola. Ao deixar a agua quente cair sobre seu corpo, Tiago sentiu um frio que ele não estava sentindo ir embora. Seus pelos eriçaram e seu corpo estremeceu. Durante o banho sempre que seu corpo esquentava, vinha um vento da báscula e o fazia sentir frio novamente.

Quando foi tomar café sua mãe o questionou de o porquê que ele gritara de madrugada. Tiago não recordava de nenhum grito. Ela disse que durante a madrugada, mais ou menos 3:00 o menino dera um grito de desespero. A mãe correu até o quarto de Tiago para socorrê-lo, mas quando chegara lá ele já tinha parado, ela perguntou o que havia acontecido e Tiago respondera:

- Não sei... não é nada, nada.

Depois de um tempo no quarto de Tiago, a mãe viu que estava tudo bem e deduziu que o motivo do grito fora apenas um pesadelo.

Tiago não se lembrava nem de ter acordado.

No caminho para escola o garoto sentiu algumas leves tonturas, mas deduziu que não fosse coisa muito preocupante. Seus dias no segundo ano do ensino médio estavam incrivelmente bons. Ele conquistara uma namorada, estava indo bem na maioria das matérias e se divertia com seus amigos. Os dias eram quentes e bons de viver.

Mas algumas coisas que aconteceram neste exato dia o fizeram perceber que nem tudo estava bem. Primeiro foram as tonturas que aconteciam hora sim hora não. Sua cabeça esquentou durante toda a manhã mesmo sem estar com dor ou febre.

Mas nada disso chegou perto do que aconteceu na hora do recreio enquanto comia. Ao começar a mastigar um pedaço de sanduiche Tiago sentiu algo estranho na boca. Pareciam com pregos mas se contorciam sozinhos. Quando um desses “pregos” penetrou em sua gengiva ele tentou para de mastigar mas não conseguia. Tentou gritar mas foi em vão. Olhou para sua namorada e para seus amigos em desespero, mas todos eles comiam seu lanche de cabeça abaixada sem perceber o que acontecia ao garoto.

Os “pregos” continuavam a machucar sua boca e o gosto de sangue era forte. Quando Tiago conseguiu mover seu corpo, levou a mão à boca e pegou um dos “pregos”. Quando jogou-os na mesa era apenas sangue. Nesse momento ele sentiu um impulso que vinha da boca do estômago, passava pela garganta e saia pela boca. Tiago vomitou um rio de sangue.

Quando ele acordou da ilusão seus amigos se assustaram com o pulo que o garoto deu. Tiago olhou em volta e percebeu que não havia sangue na mesa, nem pregos em sua boca. Tudo havia sido um pequeno pesadelo.

Sua namorada perguntou o que tinha acontecido, e ele disse que tinha dormido por um breve momento e teve um pesadelo. Mas ele não sabia o que acontecera.

As coisas estranhas não pararam por aí. Enquanto passava por uma vitrine, na volta pra casa, Tiago sentiu uma mão em seu ombro. Era uma mão extremamente quente e fez seu ombro arder. Uma força o fez cair no chão e seu coração disparou de medo. Com medo de olhar para trás ele saiu correndo e só parou quando chegou em casa.

Ao tentar almoçar o garoto teve ânsia de vomito, ele só lembrava-se dos pregos. Deitou em sua cama e começou a ler um livro. Sua mãe entrou no seu quarto com uma coisa estranha na mão. Era uma coroa feita com um tipo de galho, mas não era trançada, parecia que os galhos haviam se enrolado por conta própria. Ela perguntou se ele sabia o que era e Tiago negou. O galho fora achado debaixo da janela do menino, e sua mãe até achou engraçado, dizendo que alguém fez uma macumba para o filho. Tiago fingiu achar engraçado. A conclusão final da mãe era que algum bicho carregara aquilo até ali.

Tiago continuava confuso com tudo o que acontecera no dia.

Quando deu uma hora da tarde o frio se apoderou de Tiago. Era algo totalmente diferente do que ele havia sentido na vida. Era um frio misturado com dor e suor. Quanto mais cobertores ele usava mais frio ele sentia. Como sua mãe era professora e sua irmã trabalhava, não tinha ninguém em casa para ele pedir ajuda. Quando pensou em ligar para elas ele procurou o celular, mas não o achava. Cogitou em ir até o trabalho de sua irmã, mas o pouco que ventava já fazia todo seu corpo estremecer e ele quase caía no chão.

Sua cabeça começou a esquentar de novo e tudo se tornou um misto de sensações e alucinações. O frio o fazia tremer e a cabeça quente o fazia coçar os cabelos até tirar sangue. Ele viu pequenos vultos no teto sussurrando para ele e andando por seu corpo. Quando um deles passou pelo seu rosto ele desmaiou.

Acordou quando já estava tudo escuro. O frio em seu corpo tinha passado e cabeça não coçava mais. Ele sentou na cama e olhou o quarto. Não havia nenhum vulto. Tiago correu até o quarto da mãe e da irmã e viu que elas estavam lá. Ele pensou que tivesse tido uma febre muito forte e por isso delirou. A mãe deve ter tratado ele enquanto estava desmaiado. Voltou para o quarto e deitou na cama. Passou a mão na cabeça uma ultima vez antes de fechar os olhos, e sentiu algo liquido passar pelos seus dedos. Tiago levantou na hora, e passou a mão de novo na cabeça.

Era sangue.

Uma quantidade enorme de sangue saia de sua cabeça. Tiago gritou, e gritou e gritou. Gritou chamando por sua mãe, por sua irmã, por deus, por quem fizesse essa sua loucura parar. Mas ninguém o respondia.

Ele ouviu um barulho fora da janela e teve um baque de lucidez. Correu para janela e a abriu. Olhou para baixo e lá estava a coroa de galhos ensanguentada. Seu coração disparou novamente e sua respiração aumentou. Ouviu um novo barulho, mas dessa vez era na própria varanda.

Quando ele olhou para o lado viu algo que o fez fechar a janela na hora. Do pouco que viu, Tiago conseguiu distinguir uma forma esguia e ensanguentada. O rosto estava escondido pela escuridão, mas ele conseguiu ver sua boca aberta em um pequeno sorriso.

Tiago deitou na cama e se cobriu com a coberta. Continuou a chamar sua mãe, mas por algum motivo ninguém o ouvia. O frio voltou junto com a coceira na cabeça. Seu rosto já estava todo ensanguentado, e o liquido já estava em sua camisa. Ele ouviu um baque na porta da sala que ficava do lado do seu quarto, depois um ouviu mais outro, e mais outro. Até que um estrondo mais forte fez a porta cair.

O garoto não teve coragem de levantar e trancar a porta do seu quarto porque ouviu os passos da criatura vindo em sua direção. Ele sentou no canto da cama encostando o rosto nas pernas, chorando. Antes de desmaiar a ultima coisa que ele viu foi os olhos do monstro.

No dia seguinte havia uma ambulância em frente a casa de Tiago. O menino estava preso a ela, se contorcendo e gritando. Os enfermeiros o colocaram dentro do carro e o levaram para o manicômio, a mãe foi junto. Ficou em casa apenas a irmã, chorando pelo irmão.

A noite logo após o ultimo raio de sol iluminar a casa, pode se ver uma coroa de galhos embaixo da janela do quarto da garota. E de madrugada um grito soou pela casa.

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